Coletivo Psyco Crew promove curso, intervenção e mostra cultural para crianças e adolescentes no Jaguaré
Por Sheyla Melo
Sair de Guaianases rumo ao Jaguaré para conhecer o coletivo Psyco Crew, é sair do extremo leste para o oeste, uma longa trajetória de mais de 2 horas, incluindo caminhadas, três baldeações, trem e ônibus, para enfim chegar. De uma quebrada para outra, o cenário é muito semelhante.
As ruas aquecidas pelo sol do fim da tarde harmonizam-se com conversas de vizinhos nas calçadas e risos que explodem nos bares, uma moto estoura seu escapamento, o famoso bololô feito por um menino-piloto, logo a frente uma placa ameaça que esse som é proibido, ela sim é agressiva aos sentidos, desvio os olhos para a batida envolvente de um carro, meus pés navegam rumo ao fim da rua Peixe Boi.
A meta é chegar na quadra do mutirão, nem precisei procurar muito, meu corpo segue o sons numéricos…5, 6, 7 e 8, é o ritmo marcado em 8 tempos contados por um coral de crianças. Meia quadra com meninos jogando bola e meia quadra com 23 crianças se aquecendo, o calor escapa pelo alambrado chega até alguns adultos que assistem ao lado de fora, um homem passa com o celular gravando e some entre as vielas, um carro diminui a velocidade e olhos curiosos saltam pela janela, um adolescente solta “cê é loko, o tio dança demais” e volta para a bola que baila em seus pés.
Ensaio do grupo das crianças na quadra do mutirão - Jaguaré - Foto: Sheyla Melo |
O tio elogiado pelo menino é o educador Peterson Correia, ele que começou sendo influenciado por jovens da mesma vila e agora renova o ciclo, “comecei a dançar com 11 anos para entrar no baile juntos com os caras mais velhos, a primeira vez que vi um grupo dançando no palco pensei eu quero isso para a minha vida”. Peterson já trabalhou como professor de dança em projetos sociais, circulou várias periferias e agora dá aula onde mora e cresceu, em Jaguaré.
Intervenção Cultural - Foto: Psyco Crew |
O dia dá seus últimos brilhos, quando a quadra começa a receber a segunda turma, a dos adolescentes, que ensaiam das 19h30 às 21h. No grupos dos adolescente se repete o grupo misto, com meninos e meninas, em uma sociedade que impede que meninos dançem, a revolução acontece de maneira sutil.
Os dois grupos, crianças e adolescentes fazem parte do Projeto Da Favela para o mundo da Dança, patrocinado pelo PROAC, tiveram meses de ensaios cancelados por conta da pandemia, mas retornaram em agosto e se preparam para a apresentação final, para muitos será a primeira vez que sobem em um palco.
Grupo dos adolescentes - Foto: Sheyla Melo |
Grupo das crianças - Favela da três Arapongas - Jaguaré. Foto: Psyco Crew |
O projeto da Favela para o Mundo da Dança acontece desde 2018 e dia 19 de dezembro tem o encerramento, nesses últimos ensaios a euforia tá crescente, cada um se dedicando ao máximo para essa apresentação.
Além de Peterson Correia, apresentado na matéria, no projeto estão também André Luis, Thayná Leão, Kleber Pereira, Stella Araújo, Sabrina Gama, Rodrigo Brandão, Gabriel Castro, Jorge Joaquim e Peterson Santiago.
Coletivo desenvolvedor do projeto Da Favela para o Mundo da Dança - Foto: Psyco Crew |
Serviço:
Mostra cultural do Projeto da Favela para o Mundo da DançaDia: 19/12/2021
Horário: das 14h às 17h
Local: Av. Kenkiti Simomoto, 80 - Jaguaré