quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Pros que cometem atrocidades diárias


Quem quebra braço de criança no abrigo,
pode ter certeza esse não é meu amigo

Quem nega acesso as quadras e piscinas em sua gestão
Esse está muito longe de ser meu irmão

Oprimir os mais humildes, jamais!
Aceitar isso é pra jagunço e capataz

Opressor que em reunião paga de dircurso e amizade
Nos poupe, você não tem nenhuma legitimidade

Se sabe da hisória e dessa ideia você ta ligado,
Estamos juntos, você não é um alienado.

Esse verso simples é de quem ta cansada
Que reconhece quem é quem na caminhada

E eu vou lado a lado daqueles que buscam em cada ação
Fazer chegar mais perto a tão esperada revolução.

Sheyla Melo

terça-feira, 12 de abril de 2016

Espaços culturais e as suas permanentes contradições.

Um breve relato sobre o descaso com a biblioteca Cora Coralina
Por Sheyla Melo


Em uma pesquisa rápida no site de buscas mais conhecido do mundo sobre dois espaços públicos que sofreram prejuízos ano passado, temos os seguintes dados: um deles é o incêndio que aconteceu no Museu da Língua Portuguesa em dezembro de 2015, nós temos aproximadamente 145.000 resultados  em 0,61 segundos. A mesma pesquisa sobre o destelhamento ocorrido pelas chuvas do mesmo fim de ano na biblioteca Municipal Cora Coralina já é de aproximadamente 121 resultados em 0,70 segundos. São 145 mil publicações sobre um e apenas 121 para outro.

Esses dados nos revelam duas maneiras de dar atenção para uma situação muito parecida, tirando alguns importantes detalhes, a situação é que são dois espaços públicos que possibilitam ao público o contato com o saber acumulado pela humanidade, um focado nas questões da língua e outro na questão da mulher, um extremamente importante para o outro.


Os detalhes importantes: em um espaço o incêndio comprometeu parte do museu, mas esforços e dinheiro público o reconstruíram e ele já esta em funcionamento há tempos e o outro, o destelhamento, que teria uma solução aparentemente mais rápida ainda permanece da mesma maneira, quero eu acreditar que isso não é conspiração machista, mas é no mínimo injusto. 

Outro aspecto importante é a questão geográfica, aqui em Guaianases temos apenas  duas bibliotecas e dois CEU’s que não comportam a demanda dos mais de 170 mil habitantes. E muitas ausências, nenhum Centro Cultural, uma Casa de Cultura que existe só no papel, zero teatros, nenhum museus e poucos espaços de arte/cultura, realidade muito diferente das regiões centrais.

Vale recordar que no ano de 2015 muita coisa não pode acontecer na Cora Coralina devido à reforma no espaço para a tematização para o feminismo, demorou muito e em tão pouco tempo pudemos desfrutar de um espaço feminista e lá esta ela fechada agora, uma tematização que aconteceu por esforços das lutas de grupos atuantes na biblioteca.

A biblioteca Cora Coralina foi a primeira que teve uma programação cultural noturna para trabalhadores poderem participar, o Sarau da Maloca, organizado pelo grupo Arte Maloqueira, também a primeira que teve um sarau feminista organizado por mulheres, com Sarau Junte-se na Luta e a primeira biblioteca municipal feminista da América Latina.

Pela construção da identidade feita ao longo dos anos, pela sua simbologia na luta feminista e por sua importância para a periferia, a biblioteca Cora Coralina fechada por tempo indeterminado me parece um desrespeito com a luta e com as pessoas que aqui vivem. Queria eu que a mesma importância dada ao Museu da Língua Portuguesa fosse também dado aos poucos, mas importantes, espaços das quebradas e ainda queria acreditar que não existe uma guerra de classes, mas ela está aí e a cada situação como esta fica nítido sua presença e os prejuízos infelizmente ficam para aqueles que pouco tem privilégios.

Por tudo isso, o que nos resta é continuar em luta!

segunda-feira, 28 de março de 2016

A jauense de risada marcante


Uma risada marcante e uma força incrível são as principais características desta jauense, de 31  anos, a sua infância foi em Jaú – cidade do interior de São Paulo, lá a sua brincadeira favorita era pular elástico e sonhava ser professora, essa meta ela tem para o futuro.

Além de ser libriana, demonstra que não gosta de mentiras e assim admira pessoas que usam a sinceridade.

Seu casamento foi um momento muito marcante em sua vida e também o nascimento de seus filhos: João e Maria.
Não abre mão de um arroz, feijão, bife e batata-frita e se houver uma praia ou piscina pode contar com sua presença e junto com ela a sua alegria.

Responsável com suas obrigações, o dia dela parece que dura mais de 24h, pois são tantas as tarefas, trabalho, casa, filhos e ainda há tempo para a religião.

Passou por dificuldades, tinha um joelho que lhe  tirava o sono e ao partilhar a vida com ela percebemos o poder da coragem e da força, fazendo dos obstáculos da vida uma maneira de vencer. 

segunda-feira, 21 de março de 2016

Quem trabalha no CCA?

Um relato das incríveis experiencias das pessoas que no meu trabalho, se trabalham também.

Idalina Soares Ferreira - uma artista na deliciosa arte da culinária.

Gandhi, um líder indiano, disse uma vez que as habilidades manuais mexem com autoestima das pessoas, que a produção de algo feito pelas próprias mãos eleva aqueles que as produzem, acho que ele estava certo e aqui no CCA temos um belo exemplo de uma pessoa maior do que o tamanho que vemos.

 Mais conhecida como Dona Idalina, além da coisa mágica que ela faz com os ingredientes na cozinha, essa mineira de Canabrava adora costurar, profissão que aprendeu após retomar os estudos aos 25 anos, seu sonho era ser professora, mas “meu pai não deixou estudar, não podia aprender, pois iria manda bilhetes para o namorado” relata, foi assim que ela só retornou os estudos na juventude e no ano passado concluiu o Ensino Médio.

Morava no sítio, lá brincava de roda e de passa anel. De signo peixes, a comida que não abre mão é o arroz, feijão, farinha, carne e uma salada. Gostou muito de assistir os 10 mandamentos, aprendeu muito com esse filme. Mãe de 4 filhos e destes dois são gêmeos, já é avó e muitas das nossas crianças desejariam ser seus netos, outros vem nela o exemplo de pessoa que quer ser.

Pensa hoje em fazer um curso para aperfeiçoar o seu trabalho culinário, tem aquela conversa de que se fosse mais nova faria uma faculdade, mas o incentivo aqui da galera do CCA é que ela vá em frente nos seus ideais, pois não existe idade máxima para aquilo que acreditamos.

Tão incrível é a dona Idalina que ao perguntar qual lugar ela gostou mais de conhecer, ela me responde que gostou de todos e que foi muito bom vir para São Paulo, sempre disposta a um bom papo, gosta de pessoas animadas, descontraídas, de dar risadas, também daquelas que sabem explicar as coisas e que tem boa vontade nas suas ações. Pois isso mesmo não gosta quando ficam nervosas e aquelas criticam muito. “Me dói por dentro quando vejo falando mal das pessoas” Não gosta de tristeza e de ficar nervosa.

Sendo muito experiente ela sempre nos dá muitos conselhos, às vezes sai da cozinha para dar uma chamada de atenção em alguma criança. Ensina-nos a cada dia que em toda vida teremos muitos momentos de altos e baixos. A sua própria vida é um exemplo de superação e de momentos difíceis que geraram muitas aprendizagens.

Hoje nós do CCA temos a sorte de ter essa preciosidade com a gente, alegrando, colorindo e fazendo do nosso dia-a-dia uma delícia.

Por Sheyla Melo

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Clementina de Jesus, muito prazer!

No primeiro semestre de 2016, nós do CCA Vila Yolanda AVIB apresentaremos para as crianças e adolescentes uma pessoa incrível, dona de uma voz inconfundível e de um imenso acumulo cultural,
a Clementina de Jesus será nossa personalidade valorizada e reconhecida, por ser um símbolo da herança africana, do samba e um belo exemplo de mulher.

Clementina sempre cantou, acompanhando a mãe que era lavadeira na cidade do Rio de Janeiro, sua voz também era a trilha sonora de seus trabalhos como empregada doméstica, lavadeira e passareira. Uma pessoa como nós, que viveu boa parte da vida em trabalhos que não valorizavam seus dons, mas estes eram necessários fazer para sobreviver. Foi assim até os seus 62 anos, quando ela foi apresentada publicamente, de lá até os seus 86 anos ela cantou, como cantou, gravou mais de 120 músicas, participou de shows, recebeu convite de diversos artistas para participação de discos e marcou o tempo.

Suas músicas são memórias dos cantos das mulheres afro-brasileiras e de tempos que os livros de história não registraram.


Para conhecer essa voz incrível temos a seguir alguns vídeos e link's da rainha Quelé, como era conhecida a nossa Clementina:

Museu Afro-Brasil: História e Memória
Perfil da Unifesp: Clementina de Jesus

Vídeo da música Na hora da sede:




Letra de música Rainha Negra:
"A idade da sereia,
O baticum de pé no chão,
Chuá de cachoeira...
O mito, o rito ritimam a respiração,
Tantan e atabaque,
A gargalha do ganzá,
O canto do trabalho,
A dança, a ânsia sagrada de rememorar.

O escuro do negreiro,
O açoite pardo do feitor,
E um clarão enganador:
A liberdade sonhada ainda não chegou.

Saúdo os deuses negros,
Da serra-mar céu de Quelé,
Pro povo brasileiro,
Rainha negra da voz, mãe de todos nós...."

Será o começo do nosso semestre, para saber mais acompanhe nosso blog.
Até mais!